Suplementação e dieta podem contribuir no tratamento de dor crônica
Minimizar os efeitos provocados pelo uso dos fármacos é um dos desafios para pacientes que sofrem com dores crônicas. De inchaços a inflamações no organismo, bem como processos alérgicos, podem surgir pelo uso prolongado, porém necessário, dos medicamentos que aliviam a dor. No entanto, uma alimentação adequada pode ajudar a reduzir os sintomas, atuando diretamente no tratamento de síndromes dolorosas.
Para a nutricionista Marjorie Diniz (CRN5 20878), que atua na Experiência com Nutrição para o tratamento de síndromes dolorosas, todo o processo pode ser explicado através da comunicação estreita que acontece entre cérebro e intestino.
“Os nutrientes responsáveis pela síntese dos neurotransmissores, estão associados a sensibilidade à dor e a sensação de bem-estar. Desse modo, a alimentação é uma verdadeira aliada no combate à dor crônica, ao incluir na dieta os nutrientes que podem atenuar esses efeitos e proporcionar a sensação de longevidade”, explicou.
Ainda segundo a especialista, essa conexão coloca a nutrição como base de todo tratamento de saúde, uma vez que o grande uso de fármacos e bloqueios, estratégias utilizadas pelos médicos para atenuar a dor crônica de forma mais rápida, geram um processo inflamatório, intoxicante e de resistência ao organismo, impedindo inclusive a absorção de nutrientes.
“À medida da persistência da dor, a tendência é aumentar as doses e a frequência dos fármacos. Através da nutrição o paciente vai tratar não apenas a dor do momento, mas a causa da mesma, estabilizando o avanço”, completou
Agressões ao organismo
A frase de Hipócrates, ‘Nós somos o que comemos’, faz mais sentido do que nunca. Estudos recentes mostram que já é possível estabelecer uma associação entre alimentação com a sensação de fadiga, sono, constipação intestinal e até com saúde mental.
E neste cenário, a baixa qualidade na dieta contemporânea, encabeçada por alimentos ultraprocessados e industrializados, ricos em açúcares e conservantes, contribui ainda mais para o avanço de diferentes síndromes dolorosas, que hoje já afeta mais de 30% da população brasileira.
“Apesar da recomendação de uma ingestão calórica de 50% a 60% à base de carboidrato, para que uma pessoa que sofre de dor crônica tenha a energia necessária para não entrar em um processo de sensação de fadiga e moleza, o risco está na facilidade gerada pelo alimento industrializado e congelado, o que gera grande preocupação”, acrescentou.
São alimentos que, além de não possuírem teor nutricional, seus componentes químicos e aditivos estimulam o processo inflamatório do organismo.
No objetivo de compensar a perda nutricional, muitos pacientes acabam recorrendo à suplementação, mas a nutricionista faz um alerta: “não existe absorção correta do suplemento se o organismo não estiver preparado para isso”.
“Estamos falando de uma busca de equilíbrio nutricional que precisa ser pensada para cada organismo. A suplementação é importante. Ajuda, por exemplo, a equilibrar o nível de serotonina, melhorando o humor e qualidade de vida. Mas não se trata apenas de comprar o ômega 3, as vitaminas, a cúrcuma, por exemplo, e fazer uso contínuo e indiscriminado. Às vezes o paciente corre o risco de estimular ainda mais processo inflamatório, resultando inclusive em complicações gástricas”.
Tratamento: do cérebro ao intestino
Alcançando resultados positivos no tratamento da causa da dor, o novo protocolo nutricional passa a compor o suporte integral já utilizado na Clínica de Terapia da Dor (CTD), em Salvador, que comporta desde o acompanhamento médico, que trata o momento da dor com o auxílio dos fármacos e bloqueios, ao acompanhamento psicológico, acupuntura e exercícios físicos.
“O paciente de dor crônica está fragilizado, com abalos emocionais por conviver dias após dias com dor. Então é importante um acompanhamento multimodal, em todas as esferas, inclusive no tratamento da saúde do intestino, com dieta e suplementação que vai gerar qualidade de vida e combater o avanço da dor”, explicou.
Dra Marjorie Diniz completa que no tratamento da dor crônica, ou seja, aquela dor que persiste por mais de três meses, o protocolo é pensado de forma individual, tratando deficiências de vitaminas, processos anti-inflamatórios que vão reduzir a intensidade da dor, garantindo melhor qualidade de sono, o que impacta também na qualidade de vida.