Será que o frio afeta sua articulação? Médico explica relação clima x dores.
Hoje é dia da sua corrida matinal, mas amanheceu muito frio e você notou que seu joelho começou a doer. Seria um agravo de uma lesão pré-existente ou existiria alguma relação entre as alterações de temperatura e os sintomas? Por muito tempo acreditou-se que as mudanças climáticas e sintomas como latejamento, dor e inchaço nas articulações fossem apenas mitos disseminados na população e, por muitas vezes, alguns pacientes acabaram sendo ridicularizados por relatarem poder “prever mudança” no tempo por sentirem agravo de sintomas articulares. Mas estudos recentes desenvolvidos pelo centro do manejo de dor da Universidade de Harvard, nos EUA, mostram que existe sim uma relação direta entre variações barométricas e de temperaturas, e os seus efeitos nas dores crônicas dos pacientes.
Esses estudos comprovaram que dois terços dos pacientes que possuem algum grau de dor ou lesões prévias, referem agravo de sintomas nas alterações de pressão e temperatura e que existe sim correlação clínica e ambiental. Mas como mudanças climáticas poderiam desencadear dor?
Os efeitos das variações de pressão atmosférica sobre o corpo humano têm sido estudadas nas últimas décadas e formaram a base da medicina hiperbárica e da medicina de altitude e aeroespacial. Sabe-se hoje que quando a pressão atmosférica é estável, o ar externo exerce efeito compressivo sobre nossos corpos de fora para dentro, impedindo a expansão de tecidos, e existe, em tese, uma tendência ao melhor controle de tecidos sob reação inflamatória. Em geral, antes de uma alteração climática, essa pressão barométrica cai, fazendo com que esse efeito compressivo se reduza, o que permitiria a expansão dos tecidos, potencializando reações inflamatórias, que, levariam ao aumento da sensibilidade das terminações nervosas, causando desconforto e dor.
O frio é um vilão consagrado Há cinco décadas sabe-se que pessoas portadoras de artrites degenerativas, conhecidas popularmente como artrose, quando submetidas a redução de temperatura sentem agravos dos seus sintomas devido ao espasmo muscular (contratura prolongada e involuntária), causando aumento da compressão da articulação doente. Sob o frio, o tempo de reação muscular também seria um pouco mais lento, tendo como consequência a redução de seu efeito de proteção articular durante o movimento, principalmente nos joelhos.
Esta é uma teoria defendida pela grande maioria dos autores e, levando-se em conta a hipótese aventada por Harvard, a chegada de frentes frias como a que estamos enfrentando no Brasil, seria extremamente maléfica para quem trata de lesões ortopédicas, principalmente aquelas com reação inflamatória crônica, como tendinites, bursites e artrites.
Como prevenir? Tanto a prevenção, quanto o alívio de sintomas são possíveis. O ideal é realizar uma consulta médica para que o controle da dor seja programado através de anti-inflamatórios por via oral, infiltrações e recursos regenerativos da fisioterapia, como a aplicação do laser e do ultrasom.
Durante os treinos, deve-se evitar aumentos súbitos de frequência e volume de treino e, principalmente, para quem pratica corrida, os sprints devem ser maneirados. E, finalmente, deve-se caprichar no aquecimento pré-treino, e, se possível realizar compressas quentes nos músculos adjacentes aos pontos de dor, prevenindo o espasmo e melhorando a função muscular.
Fonte: Globo Saúde