Homens e mulheres lembram-se da dor de forma diferente
Dor em homens e mulheres
Os cientistas acreditam cada vez mais que uma das forças motrizes da dor crônica - o problema de saúde número um em prevalência e gastos de saúde pública - parece ser a lembrança de uma dor anterior.
Uma pesquisa publicada na semana passada na revista Current Biology sugere que pode haver variações, baseadas no sexo, na forma como a dor é lembrada, influindo diretamente na sensação que a pessoa diz ter da dor no presente.
Os dados foram replicados de forma consistente em animais de laboratório e em humanos.
A equipe das universidades McGill e Toronto (Canadá), descobriu que os homens (e os camundongos machos) se lembram claramente de experiências dolorosas anteriores. Como resultado, eles mostram-se estressados e hipersensíveis à dor posterior quando retornam ao local em que ela havia ocorrido anteriormente.
Já as mulheres (e as camundongos fêmeas) não parecem ficar estressadas por suas experiências anteriores de dor.
Os cientistas acreditam que a natureza translacional robusta dos resultados - de camundongos a humanos - vai ajudar no avanço rumo a tratamentos futuros para a dor crônica.
"Nós nos propusemos a fazer um experimento analisando a hipersensibilidade à dor em camundongos e descobrimos essas diferenças surpreendentes nos níveis de estresse entre camundongos machos e fêmeas," explica o professor Jeffrey Mogil. "Então, decidimos estender o experimento aos humanos para ver se os resultados seriam semelhantes. Ficamos impressionados quando vimos que parece haver as mesmas diferenças entre homens e mulheres que vimos entre os camundongos."
"O que foi ainda mais surpreendente foi que os homens reagiram mais, porque é bem sabido que as mulheres são mais sensíveis à dor do que os homens, e que eles também são geralmente mais estressados," acrescenta a professora Loren Martin, coautora do trabalho.
Lembrança da dor
A fim de confirmar que a dor foi aumentada devido a memórias de dor prévia, os pesquisadores interferiram com a memória injetando nos cérebros dos camundongos machos uma droga chamada ZIP, conhecida por bloquear a memória. De fato, a droga eliminou quaisquer sinais de lembrança da dor, anulando os efeitos prévios.
"Esta é uma descoberta importante porque evidências crescentes sugerem que a dor crônica é um problema na exata medida em que você se lembra da dor, e este estudo foi o primeiro a demonstrar essa dor lembrada usando uma abordagem translacional - tanto de roedores quanto de seres humanos.
"Se a dor lembrada é uma força motriz para a dor crônica e entendermos como a dor é lembrada, poderemos ajudar alguns pacientes tratando diretamente os mecanismos por trás das memórias," disse Martin.
Fonte: Diário da Saúde