Dor crônica pode impactar a saúde mental, afirma Psicóloga
Dor crônica pode impactar a saúde mental, afirma Psicóloga
Subnotificados e por vezes negligenciados, os casos de dor crônica seguem em crescimento no país. Dados da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (Sbed) apontam para um aumento na prevalência da dor de 39% em 2017, para 45,59% em 2021. Quando não tratada, a dor crônica pode impactar a saúde mental, desenvolvendo quadros de transtorno de ansiedade e depressão.

Segundo a psicóloga com atuação em Clínica de Dor, Emilie Pedreira (CRP 038945), a dor crônica é uma doença incapacitante e o seu curso normalmente modifica toda uma rotina de vida, de trabalho e perspectivas de futuro.

“Isso gera processos psicológicos, emocionais e comportamentais, pois a pessoa que sofre com dor crônica, lida diariamente com limitações na funcionalidade e com perdas, e aprende a significar a dor e a experiência vivida. Esses processos afetam a autoimagem, crenças sobre si, os outros e o futuro e relacionamento interpessoal. Esse comprometimento gera prejuízo na funcionalidade e pode desencadear transtornos de humor, como ansiedade e depressão, casos mais prevalentes em clínicas de dor”, explicou.

Emilie explica ainda que existe uma relação bidirecional, ou seja, a dor crônica impacta na saúde mental, apresentando transtornos de humor em comorbidade, da mesma forma que depressão e ansiedade podem influenciar na cronicidade e enfrentamento da dor.

“Existem casos também de pessoas em condições de saúde crônicas associadas ao estresse, ansiedade e depressão, ou que passam por experiências traumáticas, por exemplo vivenciam um luto complicado, desencadearem sintomas de dores físicas, desconfortáveis e persistentes. Os tipos de dores agudas ou crônicas, por exemplo, mais associadas aos fatores emocionais são as dores miofasciais, e fibromiálgicas e cefaleias tensionais”, pontuou.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil cerca de 37% da população brasileira com mais de 50 anos sofre com alguma dor crônica. O levantamento indicou que os casos são mais frequentes entre mulheres, pessoas de baixa renda e pessoas com diagnóstico de artrite, dor nas costas, sintomas depressivos e histórico de quedas e hospitalizações. Entre os mais jovens, a estimativa aponta para 27% das crianças e adolescentes com dores sem causa específica em ossos, ligamentos e músculos.

Quanto à saúde mental, levantamento realizado pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, aponta que 68% dos brasileiros relatam ter sentimentos de nervosismo, ansiedade e tensão, porém, mais da metade da população nunca procurou um profissional da saúde para lidar com questões relacionadas a transtornos de ansiedade.

“Um ponto que considero importante é desmistificar a crença de que ir ao psicólogo ou fazer psicoterapia não é coisa de gente normal. O cuidado com a saúde emocional envolve um processo e busca constante pelo autoconhecimento, pois precisamos ter consciência dos nossos recursos e forças internas positivas e identificar aquelas que precisamos cuidar e modificar, para que tenhamos uma saúde socioemocional mais funcional e adaptativa diante das adversidades da vida”.

Emilie acrescenta que no caso da dor crônica, o cuidado com a saúde emocional pode auxiliar o paciente a aprender recursos de auto regulação emocional, principalmente quando o paciente consegue perceber a dor de forma catastrófica, sentindo-se ansioso ou triste. O processamento da dor física e das emoções ocorrem em sistemas cerebrais similares e isso pode influenciar na intensidade e cronicidade da dor.

Acompanhamento multiprofissional

Independente de quais sintomas apareceram primeiro, se os relacionados à saúde mental ou à dor crônica, o protocolo desenvolvido pela Clínica de Terapia da Dor, em Salvador, envolve o acompanhamento multiprofissional especializado.

O suporte psicológico é baseado na Terapia cognitivo-comportamental, modalidade psicoterapêutica baseada em evidências que normalmente envolvem intervenções psicoeducativas sobre dor crônica e tratamento; reestruturação cognitiva de pensamentos disfuncionais que normalmente mantém o humor deprimido e ansioso; modificação de comportamentos que interferem no enfrentamento da dor; treinamento de assertividade, resolução de problemas, técnicas de respiração, mindfulness e manejo do estresse.

“Há também outras propostas terapêuticas integrativas, como a terapia focada na compaixão com o uso de técnicas auto compassivas para regulação emocional e manejo do estresse físico e psicológico. Além disso, em alguns casos o suporte psicológico também envolve a adesão ao tratamento e abordagem psicoeducativa com a família”, explicou.

A psicóloga enfatiza que em muitos casos o tratamento psicológico, quando associado ao tratamento psiquiátrico, possibilita o aprendizado de recursos internos e externos que viabilizem um enfrentamento da dor de forma mais adaptativa e funcional, através da identificação dos aspectos psicológicos e comportamentais disfuncionais, “ou seja, que não ajudam a pessoa a manejar a dor e que possivelmente foram aprendidos ao longo do processamento cognitivo sobre a dor e da própria experiência com o adoecimento”.

A baixa adesão ao tratamento ofertado pelos profissionais de saúde, pode acarretar em uma piora na intensidade da dor, na funcionalidade diária, agravar ou desencadear transtornos mentais como depressão e ansiedade, e consequentemente a qualidade de vida.

“O relacionamento interpessoal e as habilidades sociais também são prejudicadas, pois o adoecimento socioemocional pode gerar um déficit no desempenho social diante de tarefas interpessoais, como por exemplo, expressar sentimentos e pensamentos de forma adequada ou assertiva e na resolução de problemas”, pontuou.

Sobre a Clínica de Terapia da Dor

Com duas unidades da capital baiana, uma na Rua Macapá, em Ondina, e outra na Avenida Tancredo Neves, a Clínica de Terapia da Dor (CTD) é um espaço voltado para a terapia, prevenção e tratamento da dor que compromete a qualidade de vida humana. Para atender os pacientes de forma individualizada e humanizada, a Clínica conta com uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais capacitados, tratamentos modernos e seguros para o alívio da dor.

“O tratamento da dor crônica é multidisciplinar e é de suma importância que todos os profissionais da saúde envolvidos no cuidado ao paciente com dor se qualifiquem através de cursos de especialização e de educação continuada pois a oferta de um tratamento adequado envolve a compreensão sobre os aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais associados à doença. Na Clínica de Terapia da Dor, a atuação da psicologia, conta com profissionais que possuem formação em clínica de dor”.

Há quatro anos, a Clínica de Terapia da Dor possui uma parceria com o Curso de Graduação em Psicologia de uma Faculdade de Saúde em Salvador/BA, onde os discentes podem participar de estágio em Psicologia da Saúde na Atenção Terciária.

“Isso é um ganho aos alunos em formação, pois ainda se percebe que educação em dor é escassa nas graduações em saúde, de maneira geral. Essa prática agrega mais valores e cuidado psicológico ao nosso paciente com dor e isso também nos torna um diferencial”, concluiu Emilie.


Fonte: G1
 
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